Há mais de 5 mil anos o sal já era usado no Egito e na China, mas com uma função diferente da que lhe cabe hoje: em vez de servir para temperar os alimentos, era usado para conservá-los da deterioração, já que possui característica osmótica, ou seja, retira água dos alimentos e assim evita que bactérias se proliferem. Em tempos sem geladeira, essa era a forma utilizada para conservar a comida, e assim permaneceu até o início do século 20, quando passou a ser usado como tempero.
Quando o sal entra no organismo, ele é absorvido pelo intestino e vai direto para o sangue. Se é consumido em grande quantidade, cai na mesma proporção nos vasos. Como a água do corpo é sugada pelo cloreto, o organismo, na tentativa de manter o equilíbrio e normalizar a falta de água, eleva a pressão arterial para aumentar o fluxo de sangue circulando”, esclarece o Dr. Heno Lopes, do Incor, Hospital das Clínicas da USP.
Os rins têm papel-chave no círculo vicioso em que o organismo entra a partir do consumo excessivo de sal. “Por não eliminarem totalmente o excesso do sódio, eles contribuem para o aumento da pressão e simultaneamente sofrem com a hipertensão, que influencia o funcionamento de todos os órgãos. Em estado normal, os rins são capazes de filtrar 1.070 litros de sangue, mas com hipertensão eles começam a reter os resíduos do organismo. Com isso, a pessoa desenvolve problemas nos rins, que ficam com mais dificuldade para excretar o excesso de cloreto de sódio, reiniciando todo o ciclo”, explica o Dr. Heno Lopes.
Esses males não significam que sal e cloreto de sódio devam ser eliminados da dieta. A sua ausência também tem consequências ruins. A necessidade diária de sódio para os seres humanos é de 500 mg, e a ingestão de sal é considerada saudável até o limite de 2 g (aproximadamente 1/2 colher de café) por dia. O consumo médio do brasileiro, contudo, corresponde ao dobro do recomendado.
Tipos de sal e suas características:
Sal Refinado: É o mais usado e o pior sal a se empregar no preparo dos alimentos. Do sal refinado de mesa são retirados quase todos os seus minerais, sobrando apenas cloreto de sódio, ou seja, atualmente, o sal é principalmente cloreto de sódio, e não sal. Ele é então branqueado com produtos químicos, tais como ferrocianeto de sódio, citrato de amônio, silicato de alumínio, dextrose, entre outros, e aquecido a temperaturas extremamente altas. O sal recebe então a adição de iodo e é tratado com agentes antiaglomerantes (aditivos que evitam a aglomeração de partículas), que são úteis durante o armazenamento do sal, mas muitas vezes prejudiciais ao nosso organismo, especialmente aos rins. De acordo com as leis brasileiras, o sal de cozinha deve conter iodo para prevenir o bócio, crescimento anormal da glândula tireoide. Possui 40% de sódio e 60% de cloreto. Pelo alto teor de sódio em sua composição, o sal pode contribuir para o aumento da pressão arterial, caso seja consumido em demasia. O ideal é consumir, no máximo, 2 gramas por dia.
Sal Light: É um produto com teor de sódio reduzido, indicado para hipertensos. Possui 50% menos cloreto de sódio que o sal refinado.
Como seu sabor é mais suave, deve-se ficar atento para não salgar muito a comida e anular o benefício de possuir menos sódio. Entretanto as pessoas com doenças renais não devem consumi-lo, pois como esse tipo de sal possui mais potássio, o aumento desse mineral no organismo, pode acarretar complicações cardiovasculares.
Sal Marinho: Bastante usado na alimentação funcional, ele pode ser moído e misturado com ervas frescas, tornando-se um substituto ideal ao sal refinado. Como não passa pelo sistema de branqueamento, o sal marinho permanece com cerca de 84 minerais, dentre eles o iodo, enxofre, bromo, magnésio e cálcio, componentes importantes para o metabolismo e, também, para ativar a glândula da tireoide.
Flor de Sal: A flor de sal é o nome que se dá aos primeiros cristais de sal que se formam e permanecem na superfície das salinas, que são recolhidos manualmente, ao retirar apenas uma finíssima película de cristais de sal que se forma na superfície da água das salinas. A flor de sal é rica em minerais necessários à saúde, que lhe confere vantagem sobre o sal refinado, sendo uma fonte natural de ferro, zinco, magnésio, iodo, sódio, cálcio, potássio e cobre, pois não sofre nenhum processamento ou refinação posterior à sua recolha do mar.
Sal Grosso: Produto integral não refinado, apresentado na forma que sai da salina. Em culinária, é usado em churrascos, assados de forno e peixes curtidos. Possui 40% de sódio e 60% de cloreto. Por ser em forma granulada, geralmente é consumido com mais cautela do que o sal refinado, já que pouca quantidade tempera consideravelmente. Deve ser consumido com parcimônia, pois o consumo exagerado pode levar à hipertensão. Os especialistas aconselham que se utilize o sal grosso diariamente para cozinhar e temperar, ao invés do sal refinado, bastando apenas bater o sal marinho no liquidificador.
Sal do Himalaia: O sal rosa do Himalaia é extraído das camadas cristalizadas de sal cobertas com lava vulcânica há 200 milhões de anos na Cordilheira do Himalaia. A cordilheira abrange cinco países (Paquistão, Índia, China-Tibete, Nepal e Butão), e sendo mantido nesse ambiente isolado, o sal do Himalaia é isento de agentes poluentes. Ele contém os mesmos 84 minerais que encontrados no corpo humano, como cloreto de sódio, sulfato de cálcio, potássio, magnésio e muitos outros. Por ser menos refinado – e manter seus cristais e flocos maiores, o sal do Himalaia entrega uma quantidade menor de sódio por porção do que o sal refinado de mesa. Evite comprar o sal do Himalaia a granel. Prefira o sal de marcas reconhecidas, pois estão comercializando sal do Himalaia falsificado, ou seja, sal grosso com corante.
Sal do Havaí: tem uma cor rosa avermelhada, em função da presença de uma argila havaiana denominada Alaea, é rica em dióxido de ferro.
Sal Negro: é na verdade, um sal misturado com ervas produzido de acordo com receita típica da Índia e Paquistão. É feito através da combinação de sal do Himalaia com ervas e frutos da região. Devido a essa composição, o Sal do Himalaia incorpora os seus minerais com os efeitos terapêuticos das três frutas que compõem a Triphala (amla, beheda e harada) e das diversas ervas que fazem parte de sua receita.
Sal Azul: O sal azul da Pérsia, também conhecido como sal do Irã ou ainda sal azul do Paquistão, é um sal-gema extraído das mais antigas minas de sal do mundo. Ele tem esse nome por ser cravejado de cristais de cor azul profundo, proveniente do mineral silvinita. Esse mineral se fixa nos cristais de sal pela pressão da rocha montanhosa. Quando não processado, o sal azul também contém os 84 minerais importantes para o funcionamento do organismo.
Sal dos Andes: Extraído de desertos de sal como o Uyuni, na Bolívia, este sal não tem origem em antigos lagos de água do mar, como muitos pensam. Este sal tem origem em erupções vulcânicas, que despejaram, em lagos de água doce, toneladas de lava enriquecida com sais minerais. Com o tempo, o clima seco evaporou a água e criou uma placa salgada exposta ao tempo.
Doenças provocadas pelo consumo excessivo de sal
O consumo de sal em excesso faz mal à saúde, podendo causar problemas nos olhos, nos rins e no coração, por exemplo, hipertensão arterial, problemas renais, arritmia e infarto.
A Organização Mundial da Saúde indica que o consumo ideal de sal por dia é de apenas 5 gramas para um adulto e alguns estudos referem que o povo brasileiro consome, em média, 12 gramas ao dia, prejudicando gravemente a saúde e aumentando as chances de parada cardíaca, cegueira e AVC.
Principais doenças causadas pela consumo excessivo de sal
- a hipertensão é a doença mais comum provocada pelo consumo elevado de sal;
- mau funcionamento dos rins, como cálculo renal e insuficiência renal, porque os rins não conseguem filtrar o excesso de sal;
- envelhecimento, doenças autoimunes e osteoporose;
- alteração do paladar e problemas de visão;
- além disso, a longo prazo aumentam as mortes devido a parada cardíaca e AVC.
Principais alimentos ricos em sal
Os produtos alimentares ricos em sal são na maioria os alimentos industrializados, como bolachas, biscoitos, embutidos, caldos, temperos, salgadinhos, embutidos e refeições congeladas. Além disso, os molhos também possuem muito sódio, assim como queijos.
Conclusão: Prefira consumir os sais integrais (sal marinho, flor de sal, sal grosso, sal do Himalaia, dos Andes e o Azul), pois estes ajudam no processo de redução da pressão arterial. Evite a todo custo consumir o sal branco refinado.